Em depoimento, o coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra atacou a presidente do Brasil. Ele é acusado de comandar as torturas enquanto chefiou o maior órgão repressor da ditadura.
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Ex-chefe do DOI-Codi diz que Dilma integrou grupo terrorista
Brasília, 10 mai (EFE).-
O coronel reformado Carlos Alberto Brilhante Ustra, chefe do órgão de
repressão política durante a ditadura militar, afirmou nesta sexta-feira
em depoimento à Comissão Nacional da Verdade que a presidente Dilma
Rousseff participou de "organizações terroristas" que tinham o objetivo
de implantar o comunismo no Brasil.
Ustra foi chefe do Destacamento de Operações de Informações - Centro
de Operações de Defesa Interna (DOI-Codi) do II Exército entre 1970 e
1974 e é acusado de ter torturado, matado e ocultado corpos de ativistas
políticos perseguidos pelo regime.
Hoje, diante da comissão que a presidente criou no ano passado para
investigar as violações dos direitos humanos durante a ditadura, o
coronel reformado negou as acusações e alegou que apenas cumpria ordens
para lutar contra grupos terroristas.
"Nunca fui um assassino, graças a Deus nunca fui (...) Quem tem que
estar aqui é o Exercito brasileiro, que assumiu por ordem do presidente
da República, a ordem de combater o terrorismo e que eu cumpri todas as
ordens, ordens legais", afirmou Ustra.
"Todas as organizações terroristas, em todos os seus estatutos, está
lá escrito claramente que o objetivo final era a implantação de uma
ditadura do proletariado, do comunismo. Inclusive nas quatro
organizações terroristas às quais nossa atual presidenta da República
pertenceu", acrescentou.
Nos anos 1960, a presidente Dilma Rousseff militou nas organizações
clandestinas Política Operária (Polop), Comando de Libertação Nacional
(Colina) e Vanguarda Armada Revolucionária Palmares (VAR-Palmares).
Por essa militância foi torturada e presa entre 1970 e 1972 sob a
acusação de subversão, embora seu envolvimento em assaltos, sequestros e
outros crimes nunca tenha sido provado, como disseram alguns outros
militares reformados.
Ustra obteve na Justiça uma autorização para permanecer calado
durante o depoimento, mas pediu para fazer uma declaração inicial e
depois respondeu algumas perguntas. No entanto, muitas vezes se amparou
no recurso jurídico para evitar se pronunciar.
Quando o presidente da Comissão da Verdade, Claudio Fonteles, o
interrogou sobre um documento encontrado em arquivos militares e que
cita a morte de 50 pessoas nas celas do DOI-CODI na época em que foi
comandado por Ustra, o coronel reformado se irritou e negou todas as
acusações aos gritos.
"O senhor acredita que eram anjinhos os que foram mortos na prisão?
Eles eram terroristas armados", declarou.
Também manifestou sua irritação quando o vereador da cidade de São
Paulo, Gilberto Natalini, ao ser interrogado na mesma sessão, garantiu
ter sido torturado violentamente pelo então chefe do DOI-CODI.
O coronel reformado disse que não aceitaria ser questionado por um
terrorista, ao que Natalini, também aos gritos, respondeu que o
terrorista era Ustra.
Poucos minutos antes de escutar o coronel, a Comissão Nacional da
Verdade interrogou o também ex-militar Marival Chaves, que trabalhou no
DOI-CODI entre 1973 e 1976, e acusou Ustra de ter comandado sessões de
tortura e de "ser o senhor da vida e da morte".
Chaves garantiu que alguns presos morriam nas instalações militares e
os responsáveis pelo organismo criavam "teatrinhos, histórias para
justificar a morte de certas pessoas, como atropelamento". EFE
cm/rsd
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