Mãe e filha assassinadas - Em Nova Parnamirim



Um crime brutal foi registrado ontem no bairro de Nova Parnamirim, na Grande Natal. A aposentada Olga Cruz de Oliveira Lima, 61, e a estudante Tatiana Cristina Cruz de Oliveira, 36, respectivamente mãe e filha, foram encontradas mortas dentro de casa, na Rua Raimundo Lopes Chaves, por vizinhos na manhã de ontem. As vítimas apresentavam sinais de espancamento, tortura e lesões de arma branca. Olga foi encontrada no chão do banheiro, enquanto que Tatiana estava amarrada a uma cadeira em um dos quartos da casa. A polícia trabalha com a possibilidade de um possível latrocínio (roubo seguido de morte), mas não há suspeitos. Existe a possibilidade de que a filha de Tatiana, uma garota de 10 anos, tenha presenciado as mortes. Alguns cômodos da casa estavam desorganizados e há suspeita de que alguns objetos tenham sido levados após o crime, no veículo da família, um Ford Fiesta vermelho.

A descoberta do crime, que teria ocorrido ainda na segunda-feira, só foi possível pelo comportamento da criança. Uma vizinha e amiga da família a encontrou caminhando sozinha para a aula de reforço, próxima a sua casa, e estranhou o seu atraso, passando às 17h30, ao invés do horário normal - pontualmente às 15h. Quando pediu para vê-la mais de perto, a vizinha notou machucados no rosto da criança, que afirmou ter caído do patinete e batido a cabeça, tendo desmaiado e acordado tempos depois, por isso o atraso para a escola. A vizinha, e amiga da família, conta que pediu que a menina não fosse para a aula e aguardasse com ela a chegada da mãe, mas a criança afirmava "minha mãe vai chegar tarde hoje".

Após tentar ligar várias vezes para a família da criança, sem retorno, a vizinha conta que ficou preocupada com a gravidade do ferimento e, junto da filha, levou a criança ao Hospital Walfredo Gurgel, onde ela passou por uma tomografia e ficou em observação durante toda a noite, até às 9h de ontem, quando foi atendida pela neurocirurgiã Anne Costa.

A amiga da família relatou que estranhou a atitude da menina, que não dormiu nem perguntou pela mãe durante toda a noite, chegando a dizer "minha mãe disse que se ela demorasse, eu ficasse com você". Ao ser liberada do hospital, ela e filha passaram na residência da criança para pegar uma troca de roupa, quando perceberam a cozinha completamente bagunçada e notaram manchas de sangue na porta do banheiro. Apesar da resistência da menina para ela não abrir a porta, a vizinha conta que avançou e notou o corpo de Olga estendido no chão. Policiais da Ronda Ostensiva com Apoio de Motocicletas (Rocam) foram acionados por volta das 10h30. A criança permaneceu na casa da vizinha enquanto aguardava a chegada de outros parentes e não quis brincar com Sheila, a cachorra yorkshire comprada no canil de sua casa meses antes.

Cenário de horror espalhado pela casa
A casa de três quartos na Rua Raimundo Lopes Chaves, equipada com câmeras de segurança, cerca elétrica, piscina, garagem, e um canil, atualmente com 14 cães, foi cenário de uma história nunca presenciada pelos moradores da pequena rua residencial, com estrada de terra, próximo a avenida Maria Lacerda. Segundo Jeorgino César de Souza, perito do Instituto Técnico-Científico de Polícia (ITEP), Olga Cruz, e sua filha Tatiana Cristina, estudante, foram vítimas de arma branca e apresentavam sinais de espancamento. O perito não confirma se houve violência sexual, pois os dois corpos foram encontrados vestidos. Mãe e filha e moravam juntas desde que Tatiana engravidou de sua única filha, hoje com 10 anos.

Tatiana apresentava os maiores sinais de tortura, com o polegar esquerdo quase decepado e uma perfuração no pescoço; ela estava caída de lado, no chão de um dos quartos, amarrada em uma cadeira, com cordas de nylon nos calcanhares e tecido nas mãos, mas sem mordaça. De acordo com Jeorgino, foram encontrados vestígios de sangue em várias partes da casa pelo chão, paredes e objetos, além da desorganização de alguns cômodos que apresentam sinais de roubo, como o espaço vazio onde ficava uma TV de LCD, em cima de um rack. A perícia feita pelo ITEP no local durou cerca de duas horas.

Suspeita
Questionada sobre algum suspeito que teria motivos para praticar o crime, a vizinha que prestou socorro a filha de Tatiana relacionou o ex-marido da vítima de nome não identificado, e nacionalidade portuguesa, que teria se envolvido em questões judiciais com a família por não pagamento da pensão da criança. A casa também teria sido comprada pelo marido da vítima, e estaria no nome da filha do casal.

A delegada Patrícia de Melo Gama, da Delegacia de Defesa da Mulher em Parnamirim (Deam), responsável pelo caso, afirma que as imagens do circuito interno estariam desligadas. Sobre a suspeita do envolvimento do ex-marido de Tatiana, o chefe de investigação da delegacia da mulher, Adones, afirmou que uma equipe está apurando a investigação,mas que as informações dão conta que o possível acusado estaria cumprindo pena no Centro de Detenção Provisória (CDP) de Macaíba, por não pagamento de pensão.



Fonte: Diário de Natal
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