Governadora confirma que “haverá mudanças”...


Publicação: 08 de Maio de 2012 às 00:00
Maria da Guia Dantas - Repórter

A governadora Rosalba Ciarlini (DEM) confirmou ontem que está preparando uma recomposição no Secretariado do Poder Executivo com troca de alguns titulares e preenchimento dos cargos atualmente ocupados por adjuntos.   A tarefa não está sendo fácil sobretudo quando o assunto é uma das pastas mais nefrálgicas da administração – a Secretaria de Saúde Pública (Sesap) – que está sem titular desde a saída do médico Domício Arruda, semana passada. Rosalba Ciarlini oficializou até agora três convites – ao oncologista Marcos Leão; ao diretor do Hospital Onofre Lopes, Ricardo Lagreca; e ao presidente da Unimed/Natal, Antônio Araújo. Nenhum deles aceitou o desafio. A governadora já admite uma “rearrumação no Estado”. “Vai sim ocorrer [a reestruturação nas Secretarias]. Nós temos que ver algumas pastas sem titulares, que são os adjuntos que estão respondendo então é natural que a partir daí façamos algumas mudanças”, admitiu ela, que destacou, contudo, a necessidade de resolver problemas que considera mais “graves e urgentes”, como as ações para amenizar os efeitos da seca.
Governadora Rosalba Ciarlini aponta que existe preconceito nos comentários sobre nomeações
A situação na Sesap é das mais complexas e o Governo do DEM tem procurado com insistência, por exemplo, um novo diretor geral para o Hospital Walfredo Gurgel (HWG), que está a mais de um mês sem comando. A caminhada, no entanto, tem sido em vão. Tanto que a governadora já enviou comunicado pedindo aos funcionários do HWG que indiquem um servidor para assumir a Unidade. A gestão estadual contabiliza ainda outros quatro cargos importantes da administração direta e indireta que encontram-se atualmente sem os respectivos titulares. Além da Sesap, um outro gargalha está  na Secretaria de Justiça e da Cidadania (Sejuc), cujo último titular, o advogado Fábio Holanda, não permaneceu três meses. Ele saiu de cena no dia 17 de março, deixando para trás um clima animoso com o grupo comandado pela governadora Rosalba Ciarlini (DEM) e sob o argumento de que não dispunha de condições de realizar um bom trabalho.

A Sejuc acabou sendo ocupada emergencialmente pelo também secretário de Segurança Pública e Defesa Social (Sesed), Aldair da Rocha que, já se sabe, tem contado os minutos e segundos para dedicar-se unicamente a já complicada Sesed. A Secretaria de Justiça e Cidadania é responsável, entre outras coisas, pela administração do sistema penitenciário e também por coordenar a Defesa Civil no Estado.  Rosalba Ciarlini fez um convite oficial ao promotor de Defesa do Consumidor, José Augusto Péres, para comandar a pasta. Mas o projeto esbarrou no Conselho Superior do Ministério Público, que considerou inadequada a saída do promotor neste momento de fragilidade do Governo.

Rosalba Ciarlini enfrenta problemas ainda na Secretaria de Turismo (Setur), que está ocupada pelo secretário em exercício, Luiz Eduardo Bulhões. Um nome cotado para a pasta é o de Ivanaldo Bezerra, que foi titular da mesma Setur gestão de Garibaldi Alves Filho (PMDB). O Instituto de Defesa e Inspeção Agropecuária do RN (Idiarn), também esta nas mãos da adjunta, Vera Lúcia de Paiva. As mudanças que Rosalba Ciarlini pretende imprimir no Governo  estão sendo discutidas pelo Conselho Político, que é composto pelos deputados Henrique Alves e João Maia, o ministro Garibaldi Alves, o senador José Agripino e o ex-deputado Carlos Augusto Rosado.

Rosalba admite troca no Gabinete

A governadora Rosalba Ciarlini já admite que o nome do ex-deputado Carlos Augusto Rosado (DEM), seu marido, para comandar o Gabinete Civil, está sendo analisado, assim como outras questões na reestruturação administrativa. “Nós ainda estamos reorganizando, analisando e vamos fazer o que for melhor para dar mais resultados”, respondeu à reportagem da TN que indagou, ontem, sobre a possível oficialização do ex-parlamentar enquanto auxiliar do Governo. Diante da insistência dos jornalistas, a chefe do Executivo voltou a dizer que a abordagem recorrente sobre o assunto é eivado de preconceito. “Eu acho interessante que vocês ficam preocupados com isso. É um preconceito, porque eu sou mulher. Esse preconceito tem que acabar. Se o governador fosse um homem não ia ter problema indicar a mulher auxiliar. E a mulher pode ou não pode ter o marido que a ajude?”, indignou-se a democrata.

O assunto Carlos Augusto Rosado tem dividido opiniões inclusive pelos aliados da governadora. Eles já dão como certa a nomeação do ex-parlamentar democrata para o Gabinete Civil ainda mais porque Rosalba Ciarlini chegou a consultar o procurador geral do Estado, Miguel Josino Neto, sobre a possibilidade de a indicação do marido se configurar em nepotismo. A resposta do procurador já está os jornais. Ele explicou que o Supremo Tribunal Federal (STF) – que  regulamenta as situações que se enquadram em favorecimento com o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e Governo Federal – prevê a exceção para cargos de natureza política, como é o caso do Gabinete Civil.

Se Carlos Augusto Rosado assumir a pasta considerada chave do Governo poderá ter como adjunto o atual titular, Anselmo Carvalho.  O problema é que com a crise como companheira os ânimos dos representantes da administração democrata potiguar estão fervorosos. Anselmo Carvalho, taxado desde início como homem de confiança do próprio Carlos Augusto não estaria satisfeito com a possibilidade de ser rebaixado de cargo.

As decisões sobre mudanças nas Secretarias do Estado estão sendo discutidas pelo Conselho Político. E mesmo nesta esfera o nome do marido da governadora não é unanimidade. Os membros do Conselho temem uma repercussão negativa com a nomeação do ex-parlamentar, uma vez que ele já soma críticas pela influência no Governo.

Aliados têm perspectivas divergentes

Os aliados da governadora onversam sobre as possíveis mudanças na administração estadual, sobretudo no que concerne ao nome do ex-deputado Carlos Augusto Rosado para o Gabinete Civil. O líder do Governo na Assembleia Legislativa, Getúlio Rêgo (DEM), observou que o ex-parlamentar democrata reúne todas as qualidades necessárias para o comando do cargo e caso seja confirmado na pasta que é considerada o cérebro do Governo desempenhará o papel com “preparo”, dará “um grande peso para a gestão” e vai aliar a experiência com política à executiva como um espécie de trunfo para os momentos de dificuldade que a administração democrata ainda enfrenta.

Ele destacou também que a oficialização do marido da governadora como membro da equipe administrativa do Estado é pertinente, terá papel determinante nas decisões que serão tomadas e por tabela ainda ameniza as críticas  pela suposta efetiva participação do marido da governadora nas decisões do Governo. “Eu acho que é um grande nome e que a posição dele no Gabinete Civil – se houver alguma conveniência da mudança – é salutar. Carlos Augusto sendo secretário chefe do Gabinete vai contribuir para minimizar as críticas diárias em relação a figura dele, porque é quase que diária a onda de crítica em cima da pessoa dele, na hora que ele for o secretário formalmente acaba a especulação”, opinou Getúlio Rêgo.

Membro do Conselho Político, o senador José Agripino Maia, preferiu não tecer comentários sobre a possível nomeação de Carlos Augusto. “Não falo sobre possibilidades. Quando definirmos a governadora vai anunciar”, disse ele.

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